segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Estudo liga hábito de comer rapidamente à obesidade




Comer muito rapidamente pode ser o suficiente para quase dobrar o risco de uma pessoa ser obesa, segundo um estudo de pesquisadores japoneses.

Cientistas da Universidade de Osaka analisaram os hábitos alimentares de cerca de 3 mil pessoas e relataram os resultados no British Medical Journal.

O estudo examinou a relação entre a velocidade na hora de comer, a sensação de estar "cheio" e estar acima do peso.

Quase metade dos voluntários disse que tinha a tendência de comer rapidamente.

Comparados com quem não comia rapidamente, os homens com esse hábito tinham 84% mais chances de estar acima do peso, e as mulheres tinham duas vezes mais chances.

Além disso, aqueles que, além de comer rapidamente, tinham a tendência de comer até se sentirem "cheios", tinham mais que o triplo de risco de estar acima do peso.

'Sinais do estômago'

O professor Ian McDonald, da Universidade de Nottingham, disse que há várias razões pelas quais comer rapidamente pode contribuir para a obesidade.

Segundo ele, o hábito pode interferir com o sistema de sinalização que diz ao cérebro para parar de comer porque o seu estômago está cheio.

"Se você come rapidamente, você está enchendo o seu estômago antes que essa sinalização ocorra", afirmou.

Jason Halford, diretor da Kissileff Human Ingestive Behaviour Laboratory da Universidade de Liverpool, disse que a maneira como comemos está cada vez mais sendo vista como uma área-chave em pesquisas sobre obesidade, especialmente desde a publicação de estudos destacando a existência de uma variante genética ligada à "sensação de estar cheio".

Um estudo de Halford, publicado recentemente no Journal of Psychopharmacology, concluiu que um remédio usado contra a obesidade funcionava ao desacelerar o ritmo no qual pacientes obesos comiam.

"O que a pesquisa japonesa mostrou é que as diferenças de hábitos alimentares entre indivíduos levam ao consumo exagerado e estão relacionados à obesidade", afirmou.

"Outras pesquisas encontraram evidência de que isso acontece na infância, sugerindo que esses hábitos podem ser herdados ou aprendidos bem cedo", completou.

Ele disse, no entanto, que ainda não há evidência de que tentar diminuir o ritmo das refeições das crianças pode ter um impacto em níveis de obesidade no futuro.

abril.com.br                                              

terça-feira, 14 de agosto de 2012

A meta deve ser o prazer no processo


Acabei de ler um estudo recente, de Fishbach e Choi, publicado no periódico Organizational Behavior and Human Decision Processes - com o título: Quando pensar sobre os objetivos compromete sua busca. Gostei. Fala de algo que é uma das principais questões enfrentadas quando se trabalha com processo de mudança de hábitos: como fazer para que a motivação se mantenha, já que tal processo geralmente é longo e penoso?

Os pesquisadores afirmam que colocar o foco em metas ajuda-nos a entrar em ação, que nos encoraja a começar uma nova atividade. No caso de pessoas com sobrepeso, por exemplo, o foco inicial na perda de peso seria motivador. No entanto, eles também sugerem que demasiada ênfase no resultado reduz a motivação para continuar na atividade ao longo do tempo! A ênfase na própria experiência é, esta sim,  mais importante para manter os esforços em direção à mudança de hábitos. Ou seja, em sistemas complexos, nos quais as mudanças devem ocorrer em vários comportamentos, o feedback é mais efetivo quando baseado no processo e não na consequência.

Assim, reformular como pensamos a manutenção de comportamentos saudáveis pode ajudar a mudança de comportamentos em longo prazo. Não devemos ignorar a colocação de metas, mas sim utilizá-las nos momentos mais propícios, principalmente para se iniciar a mudança. No encorajamento da manutenção das mudanças ao longo do tempo, devemos nos concentrar no prazer da experiência, e não nas metas finais. Sempre falo aos pacientes que é bom tirar o foco do peso, e colocar nas mudanças de comportamento que vão sendo alcançadas. Também digo que não há como perder peso sem buscar algum prazer no processo.

Como muito bem coloca Yoni Freedhoff, do blog Weighty Matters, o único objetivo que é justo colocar é o de se viver a vida  mais saudável possível, de uma forma que você pode desfrutar!

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Planejamento é super-importante


 
Estive pensando em algo que surgiu durante uma sessão, conversando com uma paciente a respeito das dificuldades em adquirir e consolidar hábitos novos de alimentação. Em um determinado momento, perguntei: "e se alguém cuidasse inteiramente das tuas refeições, ou seja, se preparasse coisas gostosas, saudáveis e variadas, nas quantidades certas, se te avisasse os horários de comer, fizesse as compras no supermercado com você... você acha que seria mais fácil emagrecer? Será que a reeducação alimentar seria tão penosa?"

"Ah, aí seria muito mais fácil, sem comparação! Aí não teria que me preocupar o tempo todo com como fazer, com o que fazer, poderia relaxar.

Pois é...

A gente sempre ouve que "comida de dieta" é sem graça, que é difícil abandonar os alimentos gostosos e muito calóricos. Mas acredito que a dificuldade vai muito além da qualidade sensorial da dieta em si.
Contribui, e de forma forte, o esforço que se deve fazer com o planejamento, e também frente às diversas escolhas que nos são apresentadas.

O quanto da dificuldade não estaria, exatamente, em se ter a "oportunidade", e até mesmo "obrigação", de fazer várias escolhas alimentares durante o dia? Cada escolha, uma chance de fracasso. Muitas delas, responsáveis pela hiperfagia, são feitas sem que nem percebamos! Ainda mais que, nesses momentos, estão influenciando outros fatores, como o tempo disponível para a refeição, a presença de distrações, sentimentos diversos, falta de alternativa saudável, maior facilidade da alternativa engordativa, etc.

Nessa situação hipotética e ideal, que coloquei para a paciente, estaríamos eliminando diversas variáveis complicadoras do autocontrole. Uma atitude importante, então, seria tomar as rédeas do planejamento do dia alimentar, colocando-se no lugar de cuidador e organizador.

O quanto mais for possível prever as dificuldades, mais preparados poderemos estar frente a elas, sem termos que decidir na hora, e rapidamente, um plano de ação.

Se sei que vou comer um lanche às 15 horas, por exemplo, controlo-me bem melhor frente à vontade de beliscar que surge às 14:30.

Se já está determinado de antemão o que vou comer, quando, etc., o controle alimentar é muito mais fácil. Organizar o dia alimentar ajuda a organizar a cabeça! Planejando de antemão, podemos ficar menos "alertas" e relaxar um pouco, não tendo que decidir o tempo todo coisas a respeito da alimentação.

Facilitar o preparo, deixar porções prontas... vamos abusar dos recursos de previsão e planejamento!