sexta-feira, 27 de julho de 2012

...é o puro creme do milho?


Fiquei, confesso, um pouco chocada ao ler um artigo que descrevia o que havia por trás da aparência “natural” de uma espiga de milho. O autor começa: “o que representa melhor a generosidade da natureza que uma espiga de milho?” e, depois de descrever tal alimento com muitos detalhes suculentos, brinca “o milho parece um presente da natureza; já vem até embrulhado”. Porém, alerta enfaticamente em seguida, as aparências podem enganar.

Opa, pensei... em se tratando de comida, tal afirmação é especialmente um sinal de alerta. Como assim, corro o risco de não saber exatamente o que estou ingerindo?! Principalmente quando se trata de um alimento que considero, quase que instintivamente, natural... vivo em um mundo que incentiva a procura cada vez maior de alimentos ditos naturais...

O que consideramos natural? A definição mais comumente aceita é a de que algo natural é autêntico, puro, saído da natureza, e não degradado pelos seres humanos. Acabamos associando fortemente o natural ao benéfico, ao sadio. Numa pesquisa em que pessoas de vários países tinham que indicar os três primeiros termos que lhes vinham à mente quando ouviam a palavra “natural”, quase a totalidade dos mesmos tinham conotação positiva; muito mais, inclusive, que os termos utilizados quando se pediam associações para “carne” ou “comida”. Percebi, lendo o artigo, que além de eu gostar de milho, sinto-me bem comendo milho, considero-o bom para mim por ser “natural”.

Todavia, se nos prendermos ao termo “puro”, será que existem mesmo alimentos tão naturais? A realidade é que, desde antes do evento da agricultura, nós selecionamos e modificamos as plantas que comemos, ainda que involuntariamente. E o que começou como um processo involuntário de seleção tornou-se deliberado; agricultores primitivos começaram a propagar características desejáveis de propósito. Com novas tecnologias, novas descobertas, outras intervenções são feitas visando uma maior produção, tornar o produto mais atraente, ou melhorar a qualidade nutricional do alimento.

O milho é atualmente a planta cultivada que atingiu o mais elevado estágio de domesticação, uma vez que perdeu a capacidade de sobrevivência sem intervenção humana. Suas características foram tão modificadas para convir, cada vez mais, aos seres humanos, que ele não é mais viável na natureza!

O “milho ancestral” é o teosinto, um capim silvestre nativo da região que é hoje o México. É uma planta pequena, que dá de cinco a doze grãos, pequenos, que ficam protegidos no interior de invólucros duros, e que caem quando maduros. Com a intervenção humana, o milho passou a ser uma planta de um caule só, com até 500 grãos por espiga, que são expostos, e não caem. Muito diferente! E mais: o milho só pôde se tornar base principal das dietas de vários povos americanos com a ajuda de mais uma intervenção humana – baseada no tratamento com hidróxido de cálcio, que provoca a liberação de niacina (vitamina B3) do grão, que de outra forma não poderia ser aproveitada pelo nosso organismo.

Assim como o milho, o arroz e o trigo também foram transformados em gêneros mais convenientes e abundantes. E os vários tipos de couve e de brócolis são variantes da mostarda selvagem, resultados de experimentações humanas. E assim vai...

Não quero, com esta reflexão, dizer que o que é modificado ou alterado por nós, humanos, é ou não é bom. Que o milho, por ser planta domesticada, não é bom. Quero chamar a atenção, isso sim, para nossa ingenuidade frente a alguns conceitos (como o de “natural”); para o nosso desconhecimento em relação a idéias que nos motivam (idéias subjacentes, características da nossa época, da nossa cultura) e que acabam determinando fortemente as nossas escolhas alimentares.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Mais açúcar do que imaginamos!







Interessante o site de Marshall (http://marshallbrain.com/science/)! Tem vídeos com experimentos fáceis de fazer e bastante ilustrativos.

Nesse vídeo que coloquei aqui, ele mede quanto açúcar tem numa latinha de refrigerante. No caso do experimento, são 39 gramas. Ele propõe que peguemos 39 gramas de açúcar, então (com ajuda de uma balança ou de medidas equivalentes), e coloquemos sobre um papel. É uma ótima forma de visualizar o açúcar consumido quando se bebe, "ingenuamente", uma latinha.
Dá para fazer isso olhando nas informações nutricionais da bebida. No caso da latinha de refrigerante, vamos arredondar para 40 gramas de açúcar. Supondo que uma colher de chá tenha por volta de 4 gramas, 40 gramas equivalem a 10 colheres de chá! Coloque esse tanto de açúcar num prato e olhe bem para ele! Dá para acreditar? Você comeria esse mesmo tanto de açúcar, se ele não estivesse "disfarçado", dissolvido na bebida?
Será que são necessárias 10 colheres de chá de açúcar, para ficar gostoso?? Marshall sugere que se encha um recipiente com água (mais ou menos 350 ml) e que se vá acrescentando colheres de açúcar. A cada colher, experimentar. Com quantas colheres de açucar fica bom?
Num programa de educação em saúde, fizemos um refrigerante na frente dos alunos. Usamos água com gás, limão e açúcar. Este último foi sendo colocado pouco a pouco na garrafa de 2 litros, com ajuda de uma colher de sopa. Íamos acrescentando açúcar e a cada 5 colheres, pedíamos que experimentassem o refrigerante e dissessem se estava bom, se se parecia com um refrigerante comprado no supermercado. Foi divertido. Chegamos a mais de meio quilo de açúcar para que se parecesse com um refrigerante! Foi um susto! Legal que ficamos sabendo, depois, que muitos deles reduziram a quantidade de refrigerantes no seu dia-a-dia!!
Para finalizar, do blog Vitaminado, da minha amiga Márcia Daskal:
(...) um terço do consumo energético médio e do consumo de açúcar dos norte-americanos vem dos refrigerantes. Com um agravante: doce líquido não gera saciedade, só aumenta o centro da fome! Ou seja: você bebe, esse açúcar é absorvido rápido, dá pico de insulina, que faz estocar gordura, gera hipoglicemia, que faz comer mais, estimula o centro da fome no cérebro… Por isso, nem pense em matar a vontade de doce bebendo refrigerante. É melhor comer um doce, que satura as papilas gustativas e sacia.
Antes de pensar como os americanos são incríveis, pense no que tem acontecido com o tamanho das garrafas de refrigerante no Brasil nos últimos anos. Ou nos copos que são vendidos no cinema e em combos das cadeias de fast food.
O Brasil já é o terceiro consumidor mundial de refrigerantes, atrás apenas de Estados Unidos e México. Aqui, o consumo per capita de açúcar proveniente de refrigerantes é de 6,3 kg por ano, ou cerca de 13% do consumo anual (per capita) de açúcar no país. Pense: são 6 sacos de açúcar por ano! Em 2007, o consumo de refrigerantes no Brasil cresceu 7%."

sábado, 21 de julho de 2012

Menos é mais


A gente é, literalmente, bombardeado por notícias, informações, imagens, novidades sobre alimentação e hábitos saudáveis. Todos sabemos tudo sobre dietas, propriedades dos alimentos, etc., etc., etc. Se informação, pura e simplesmente, resolvesse... seria já um ótimo começo. Porém, mais que isso, há muita informação deturpada, meias verdades apresentadas como dados científicos, mitos que se espalham, dietas milagrosas que se encaixam perfeitamente nos nossos desejos de resultados rápidos...

Também há um cansaço, uma poluição mental causada pelo excesso. Vemos tanto, ouvimos tanto, que tudo perde em real importância. Acostumamo-nos, e nada mais choca ou chama realmente atenção.

O que seguir? Dar importância para qual informação?

Menos é mais, penso eu. Voltemos ao princípio, limpemos a cabeça por completo e partamos do básico. A verdade, nua e crua, é que não há milagres. Refeições balanceadas, frutas e verduras na dieta, menos alimentos industrializados, atividade física... e um profissional especializado para nos dar as orientações corretas. Enfim...

terça-feira, 17 de julho de 2012

Começando diferente: auto-eficácia e efeito-sanfona.


Frente à grande quantidade de pessoas que iniciam um programa de perda de peso e desistem, ou que chegam ao peso desejado mas fracassam na manutenção, nos perguntamos: será que é possível prever o sucesso do emagrecimento, antes mesmo de começar o tratamento?

Se tivermos idéia de que variáveis estão envolvidas com tal sucesso, podemos evitar que a pessoa que deseja perder peso inicie um processo em vão, criando mais frustração e descrença ainda. O "efeito-sanfona" não é prejudicial apenas em termos fisiológicos. Também tem consequências devastadoras do ponto de vista psicológico.

Na psicologia tem um conceito que está diretamente relacionado ao sucesso na manutenção do peso: é o conceito de AUTO-EFICÁCIA, que é a avaliação que cada indivíduo faz da sua própria performance, de sua ação no mundo, da sua capacidade de modificar as coisas através da sua própria ação. Quanto mais experiências de sucesso eu tenho, e as reconheço como devidas aos meus esforços pessoais - e não a fatores externos ou sorte - mais garantia de que vou persistir nos meus objetivos por longo tempo. Quer dizer, se acredito que minha ação faz diferença, vou agir com mais força e superar obstáculos com mais facilidade e dedicação.

Voltando à questão do efeito-sanfona: como estaria o sentimento de auto-eficácia da pessoa após diversas tentativas de perda de peso? Zero, não é? Ela pode até começar outra dieta... mas já com o pé esquerdo, com grande previsão de fracasso!

O que eu quero enfatizar com tudo isso, é o cuidado que devemos ter ao iniciar um programa de perda de peso. Não adianta começar e pronto. Não devemos pensar "apenas em perder peso, seja do jeito que for". Devemos reconsiderar, pensar sobre esses sentimentos de impotência acumulados em nós para tentar mudá-los, enfrentá-los de frente. O ideal é pensar na manutenção desde o início: o que podemos já ir construindo e aprendendo para que não voltemos a engordar. Assim damos chance de sentir as consequências positivas de cada atitude bem pensada, aumentando - e muito - a chance de persistir na mudança de comportamento.


terça-feira, 10 de julho de 2012

Uma questão de volume!





"Se a pessoa achar que comeu menos do que o volume a que está acostumada, pensará que está com fome".

Interessante... quer dizer, se eu como algo super-nutritivo e calórico, mas que seja bem menor em volume do que tenho costume de comer, ficarei com a impressão de não ter comido o suficiente?!?

A verdade é que não paramos de comer apenas quando sentimos o nosso estômago cheio. Há diversos fatores influenciando a saciedade: o quanto mastigamos, o quanto saboreamos, o quanto engolimos, o quanto pensamos na comida, há quanto tempo estamos comendo...

A percepção do tamanho da porção de alimento é uma deixa utilizada por nós para inferir se já comemos o suficiente. Normalmente, tentamos comer a mesma quantidade visível de comida a que estamos acostumados.

A Dra. Bárbara Rolls da Universidade de Penn State fez o seguinte: fez um hambúrguer de 125g ficar parecido com um de 250g, acrescentando-lhe alface e tomate sem o apertar antes de servir. Uma pessoa com hábito de comer o hambúrguer de 250g fica satisfeita com a nova combinação, mesmo tendo comido menos calorias que o de costume.

A mesma coisa podemos fazer com nosso prato de comida: se enchermos metade dele com verduras e legumes, e a outra metade com carne, arroz e feijão, por exemplo, diminuiremos as calorias e mantemos o volume de comida com o qual estamos habituados.

Não custa tentar!

quinta-feira, 5 de julho de 2012

AMAR



Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados amar?

Que pode, pergunto, o ser amoroso,
sozinho, em rotação universal, senão
rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?

Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o cru,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave
de rapina.

Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.

Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.

(Drummond)

quarta-feira, 4 de julho de 2012

A arte de produzir fome - texto de Rubem Alves




Adélia Prado me ensina pedagogia. Diz ela: "Não quero faca nem queijo; quero é fome". O comer não começa com o queijo. O comer começa na fome de comer queijo. Se não tenho fome é inútil ter queijo. Mas se tenho fome de queijo e não tenho queijo, eu dou um jeito de arranjar um queijo...

Sugeri, faz muitos anos, que, para se entrar numa escola, alunos e professores deveriam passar por uma cozinha. Os cozinheiros bem que podem dar lições aos professores. Foi na cozinha que a Babette e a Tita realizaram suas feitiçarias... Se vocês, por acaso, ainda não as conhecem, tratem de conhecê-las: a Babette, no filme "A Festa de Babette", e a Tita, em "Como Água para Chocolate". Babette e Tita, feiticeiras, sabiam que os banquetes não começam com a comida que se serve. Eles se iniciam com a fome. A verdadeira cozinheira é aquela que sabe a arte de produzir fome...

Quando vivi nos Estados Unidos, minha família e eu visitávamos, vez por outra, uma parenta distante, nascida na Alemanha. Seus hábitos germânicos eram rígidos e implacáveis.

Não admitia que uma criança se recusasse a comer a comida que era servida. Meus dois filhos, meninos, movidos pelo medo, comiam em silêncio. Mas eu me lembro de uma vez em que, voltando para casa, foi preciso parar o carro para que vomitassem. Sem fome, o corpo se recusa a comer. Forçado, ele vomita.

Toda experiência de aprendizagem se inicia com uma experiência afetiva. É a fome que põe em funcionamento o aparelho pensador. Fome é afeto. O pensamento nasce do afeto, nasce da fome. Não confundir afeto com beijinhos e carinhos. Afeto, do latim "affetare", quer dizer "ir atrás". É o movimento da alma na busca do objeto de sua fome. É o Eros platônico, a fome que faz a alma voar em busca do fruto sonhado.

Eu era menino. Ao lado da pequena casa onde morava, havia uma casa com um pomar enorme que eu devorava com os olhos, olhando sobre o muro. Pois aconteceu que uma árvore cujos galhos chegavam a dois metros do muro se cobriu de frutinhas que eu não conhecia.

Eram pequenas, redondas, vermelhas, brilhantes. A simples visão daquelas frutinhas vermelhas provocou o meu desejo. Eu queria comê-las.

E foi então que, provocada pelo meu desejo, minha máquina de pensar se pôs a funcionar. Anote isso: o pensamento é a ponte que o corpo constrói a fim de chegar ao objeto do seu desejo.

Se eu não tivesse visto e desejado as ditas frutinhas, minha máquina de pensar teria permanecido parada. Imagine se a vizinha, ao ver os meus olhos desejantes sobre o muro, com dó de mim, tivesse me dado um punhado das ditas frutinhas, as pitangas. Nesse caso, também minha máquina de pensar não teria funcionado. Meu desejo teria se realizado por meio de um atalho, sem que eu tivesse tido necessidade de pensar. Anote isso também: se o desejo for satisfeito, a máquina de pensar não pensa. Assim, realizando-se o desejo, o pensamento não acontece. A maneira mais fácil de abortar o pensamento é realizando o desejo. Esse é o pecado de muitos pais e professores que ensinam as respostas antes que tivesse havido perguntas.

Provocada pelo meu desejo, minha máquina de pensar me fez uma primeira sugestão, criminosa. "Pule o muro à noite e roube as pitangas." Furto, fruto, tão próximos... Sim, de fato era uma solução racional. O furto me levaria ao fruto desejado. Mas havia um senão: o medo. E se eu fosse pilhado no momento do meu furto? Assim, rejeitei o pensamento criminoso, pelo seu perigo.

Mas o desejo continuou e minha máquina de pensar tratou de encontrar outra solução: "Construa uma maquineta de roubar pitangas". McLuhan nos ensinou que todos os meios técnicos são extensões do corpo. Bicicletas são extensões das pernas, óculos são extensões dos olhos, facas são extensões das unhas.

Uma maquineta de roubar pitangas teria de ser uma extensão do braço. Um braço comprido, com cerca de dois metros. Peguei um pedaço de bambu. Mas um braço comprido de bambu, sem uma mão, seria inútil: as pitangas cairiam.

Achei uma lata de massa de tomates vazia. Amarrei-a com um arame na ponta do bambu. E lhe fiz um dente, que funcionasse como um dedo que segura a fruta. Feita a minha máquina, apanhei todas as pitangas que quis e satisfiz meu desejo. Anote isso também: conhecimentos são extensões do corpo para a realização do desejo.

Imagine agora se eu, mudando-me para um apartamento no Rio de Janeiro, tivesse a idéia de ensinar ao menino meu vizinho a arte de fabricar maquinetas de roubar pitangas. Ele me olharia com desinteresse e pensaria que eu estava louco. No prédio, não havia pitangas para serem roubadas. A cabeça não pensa aquilo que o coração não pede. E anote isso também: conhecimentos que não são nascidos do desejo são como uma maravilhosa cozinha na casa de um homem que sofre de anorexia. Homem sem fome: o fogão nunca será aceso. O banquete nunca será servido.

Dizia Miguel de Unamuno: "Saber por saber: isso é inumano..." A tarefa do professor é a mesma da cozinheira: antes de dar faca e queijo ao aluno, provocar a fome... Se ele tiver fome, mesmo que não haja queijo, ele acabará por fazer uma maquineta de roubá-los. Toda tese acadêmica deveria ser isso: uma maquineta de roubar o objeto que se deseja...


Rubem Alves é educador, escritor, psicanalista e professor da Unicamp.





terça-feira, 3 de julho de 2012

O doce, as abelhas e os problemas metabólicos


Cientistas da Universidade do Estado do Arizona descobriram que as abelhas podem nos ensinar a respeito de conexões básicas entre a percepção dos gostos e problemas metabólicos em humanos.

Fazendo experimentos com a genética das abelhas, os pesquisadores identificaram conexões entre a sensibilidade ao açúcar, a fisiologia do diabetes e o metabolismo dos carboidratos. Abelhas e seres humanos podem compartilhar parcialmente essas conexões.
Os pesquisadores explicam como, pela primeira vez, conseguiram tornar inativos dois genes no módulo de regulação de comportamentos relacionados à comida, na abelha. Fazendo isto, eles descobriram um possível link molecular entre a percepção do sabor doce e o estado de energia interna.
A sensibilidade da abelha ao açúcar revela sua atitude em relação à comida, a idade dela quando começou a procurar néctar e pólen e o tipo de comida que prefere coletar. Ao suprimir esses dois genes, as abelhas tornaram-se mais sensíveis ao gosto doce. Interessantemente, estas abelhas também tinham os níveis de açúcar no sangue bastante elevados, e baixos níveis de insulina, semelhante às pessoas que têm Diabetes tipo 1.
Os pesquisadores estão tentando compreender exatamente como se aumentou a percepção ao gosto doce, com o experimento. O tecido mais ativo metabolicamente na abelha pode dar a resposta. Esse tecido é semelhante ao fígado e à gordura abdominal em humanos, já que ajuda no armazenamento de nutrientes e na criação de energia.
A percepção do gosto evoluiu como um mecanismo de sobrevivência, tanto para as abelhas quanto para os seres humanos. Por exemplo, comidas amargas podem conter veneno, ou o gosto doce pode significar que a comida é rica em calorias. Em todos os animais, a percepção dos gostos deve comunicar-se adequadamente com o estado energético interno para controlar a ingestão de alimentos e manter as funções vitais normais. Sem isso, uma percepção pobre de gostos pode contribuir para comportamentos alimentares não saudáveis e problemas metabólicos, como diabetes e obesidade.